Conheça a melhor
forma de se relacionar com a turma nas redes sociais e saiba como o Facebook, o
Orkut ou o Twitter podem ser aliados do processo de aprendizagem
Você sabe quantos de seus alunos possuem perfis no Orkut, no Facebook ou
no Google +? Já experimentou fazer uso dessas redes sociais para
disponibilizar materiais de apoio ou promover discussões online?
Cada vez mais cedo, as redes sociais passam a fazer parte do cotidiano
dos alunos e essa é uma realidade imutável. Mais do que entreter, as redes
podem se tornar ferramentas de interação valiosas para auxiliar no seu trabalho
em sala de aula, desde que bem utilizadas. "O contato com os estudantes na
internet ajuda o professor a conhecê-los melhor", afirma Betina von Staa,
pesquisadora da divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática.
"Quando o professor sabe quais são os interesses dos jovens para os quais
dá aulas, ele prepara aulas mais focadas e interessantes, que facilitam a
aprendizagem", diz.
Se você optou por se relacionar com os alunos nas redes, já deve ter esbarrado
em uma questão delicada: qual o limite da interação? O professor deve ou não
criar um perfil profissional para se comunicar com os alunos? "Essa
separação não existe no mundo real, o professor não deixa de ser professor fora
de sala, por isso, não faz sentido ele ter dois perfis (um profissional e outro
pessoal)", afirma Betina. "Os alunos querem ver os professores como
eles são nas redes sociais".
Mas, é evidente que em uma rede social o professor não pode agir como se
estivesse em um grupo de amigos íntimos. "O que não se pode perder de
vista é o fato de que, nas redes sociais, o professor está se expondo para o
mundo", afirma Maiko Spiess, sociólogo e pesquisador do Grupo de Estudos
Sociais da Ciência e da Tecnologia, da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). "Ele tem que se dar conta de que está em um espaço público
frequentado por seus alunos". Por isso, no mundo virtual, os professores
precisam continuar dando bons exemplos e devem se policiar para não
comprometerem suas imagens perante os alunos. Os cuidados são de naturezas
diversas, desde não cometer erros de ortografia até não colocar fotos
comprometedoras nos álbuns. "O mais importante é fazer com que os
professores se lembrem de que não existe tecnologia impermeável, mas comportamentos
adequados nas redes", destaca Betina von Staa.
A seguir, listamos cinco formas de usar as redes sociais como aliada da
aprendizagem e alguns cuidados a serem tomados:
1. Faça a mediação de grupos de estudo
Convidar os alunos de séries diferentes para participarem de grupos de estudo
nas redes - separados por turma ou por escolas em que você dá aulas -, pode
ajudá-lo a diagnosticar as dúvidas e os assuntos de interesse dos estudantes
que podem ser trabalhados em sala de aula, de acordo com os conteúdos curriculares
já planejados para cada série.
Os grupos no Facebook ou as comunidades do Orkut podem ser concebidos
como espaços de troca de informações entre professor e estudantes, mas
lembre-se: você é o mediador das discussões propostas e tem o papel de orientar
os alunos.
Todos os participantes do grupo podem fazer uso do espaço para indicar
links interessantes ou páginas de instituições que podem ajudar em seus
estudos. "A colaboração entre os alunos proporciona o aprendizado fora de
sala de aula e contribui para a construção conjunta do conhecimento"
explica Spiess.
2. Disponibilize conteúdos extras para os alunos
As redes sociais são bons espaços para compartilhar com os alunos materiais
multimídia, notícias de jornais e revistas, vídeos, músicas, trechos de filmes
ou de peças de teatro que envolvam assuntos trabalhados em sala, de maneira
complementar. "Os alunos passam muitas horas nas redes sociais, por isso,
é mais fácil eles pararem para ver conteúdos compartilhados pelo professor no
ambiente virtual", diz Spiess.
Esses recursos de apoio podem ser disponibilizados para os alunos nos
grupos ou nos perfis sociais, mas não devem estar disponíveis apenas no
Facebook ou no Orkut, porque alguns estudantes podem não fazer parte de nenhuma
dessas redes. Para compartilhar materiais de apoio e exercícios sobre os
conteúdos trabalhados em sala, é melhor utilizar espaços virtuais mais
adequados, como a intranet da escola, o blog da turma ou do próprio professor.
3. Promova discussões e compartilhe bons exemplos
Aproveitar o tempo que os alunos passam na internet para promover debates
interessantes sobre temas do cotidiano ajuda os alunos a desenvolverem o senso
crítico e incentiva os mais tímidos a manifestarem suas opiniões. Instigue os
estudantes a se manifestarem, propondo perguntas com base em notícias vistas
nas redes, por exemplo. Essa pode ser uma boa forma de mantê-los em dia com as
atualidades, sempre cobradas nos vestibulares.
4. Elabore um calendário de eventos
No Facebook, por meio de ferramentas como "Meu Calendário" e
"Eventos", você pode recomendar à sua turma uma visita a uma
exposição, a ida a uma peça de teatro ou ao cinema. Esses calendários das redes
sociais também são utilizados para lembrar os alunos sobre as entregas de
trabalhos e datas de avalições. Porém, vale lembrar: eles não podem ser a única
fonte de informação sobre os eventos que acontecem na escola, em dias
letivos.
5. Organize um chat para tirar dúvidas
Com alguns dias de antecedência, combine um horário com os alunos para tirar dúvidas
sobre os conteúdos ministrados em sala de aula. Você pode usar os chats
do Facebook, do Google Talk, do MSN ou até mesmo organizar uma Twitcam para conversar com a turma -
mas essa não pode ser a única forma de auxiliá-los nas questões que ainda não
compreenderam.
A grande vantagem de fazer um chat para tirar dúvidas online é a
facilidade de reunir os alunos em um mesmo lugar sem que haja a necessidade do
deslocamento físico. "Assim que o tira dúvidas acaba, os alunos já podem
voltar a estudar o conteúdo que estava sendo trabalhado", explica Spiess.
Cuidados a serem tomados nas redes
- Estabeleça previamente as regras do jogo
Nos grupos abertos na internet, não se costuma publicar um documento oficial
com regras a serem seguidas pelos participantes. Este "código de
conduta" geralmente é colocado na descrição dos próprios grupos.
"Conforme as interações forem acontecendo, as regras podem ser
alteradas", diz Spiess. "Além disso, começam a surgir lideranças
dentro dos próprios grupos, que colaboram com os professores na gestão das
comunidades". Com o tempo, os próprios usuários vão condenar os
comportamentos que considerarem inadequados, como alunos que fazem comentários
que não são relativos ao que está sendo discutidos ou spans.
- Não exclua os alunos que estão fora das redes sociais
Os conteúdos obrigatórios - como os exercícios que serão trabalhados em sala e
alguns textos da bibliografia da disciplina - não podem estar apenas nas redes
sociais (até mesmo porque legalmente, apenas pessoas com mais de 18 anos podem
ter perfis na maioria das redes). "Os alunos que passam muito tempo
conectados podem se utilizar desse álibi para convencer seus pais de que estão
nas redes sociais porque seu professor pediu", alerta Betina.
A mesma regra vale para as aulas de reforço. A melhor solução para esses
casos é o professor fazer um blog e disponibilizar os materiais didáticos nele
ou ainda publicá-los na intranet da escola para os alunos conseguirem acessar o
conteúdo recomendado por meio de uma fonte oficial.
Com relação aos pais, vale comunicá-los sobre a ação nas redes sociais
durante as reuniões e apresentar o tipo de interação proposta com a turma.
Texto: Daniele Pechi
Fonte: Nova escola